
Meu pobre boneco,
me dôo de você!...
Boneco de palha,
com ventre de vento,
com cinta de crinas,
chinelos de angico,
me dôo de você!...
Meu pobre boneco,
com alma de lata coberta de zinco,
sem beiço de choro,
sem cara de medo,
fantasma barato que a gente contempla,
olhando com dó;
meu pobre boneco,
me dôo de você!...
A chuva na lata,
o vento na palha,
a pedra no zinco,
morcegos na cara, não tira gemido,
não pede sorriso, um grito sequer;
meu pobre boneco, me dôo de você!...
Meu pobre boneco,
mentira de palha de vida vazio,
espanto dos bichos sem nunca crescer,
sem nunca sonhar!...
A vida te nasce de fora pra dentro com molas de junco,
com nervos de prego,
-mentira de gestos- (fantasma-paspalho...)
Meu pobre boneco,
me dôo de você!...
Há tantos bonecos,
bonecos assim: bonecos de palha, de carne também...
Mas...Homens de fato,
que chamo de João,
ou, nome qualquer,
que choram por dentro,
que sabem amar -do fundo do peito- tem poucos de fato,
AH!...Quase... Ninguém...!
Santa Maria, 1962.
Passei para conhecer seu espaço, pois esta acompanhando o meu, porém não achei o gadget de seguidores. Um grande abraço
ResponderExcluirBom dia Malu!!!
ResponderExcluirÉ um prazer de saber que você passo para conhecer minhas poesias...
Apreciei o teu trabalho e só tenho a te parabenizar; Um grande abraço